Gabinete do Director

Levantei-me num sobressalto quando ouvi a porta a abrir e respirei fundo - Peço desculpa ter esperado aqui dentro.. - Afirmei logo, voltando a sentar-me depois. Olhei-o uma vez mais e mexia os dedos, entrelaçando-os uns nos outros, nervosa - Eu preciso de pedir uma coisa, Senhor Director.. - Comecei, sem o olhar. Mordi o lábio para não começar a chorar. Controla-te! Ele é tio do Mikko.

- Não tem mal, mas para a próxima espere lá fora - Era uma panca minha. Reparei que a rapariga parecia ligeiramente perturbada. Empurrei um cubo decorativo com lenços lá dentro para o caso dela precisar - Antes de mais, qual é o seu nome? E o quê que precisa pedir-me?

Suspirei e tentei controlar-me ao máximo - Felice. Felice Scorpius... - A suposta mulher do seu sobrinho. - Queria pedir-lhe autorização para passar uns dias fora... Eu não saio da cidade, eu vou para um hotel e volto daqui a uns dias. Por favor.. - Pedi num tom de voz trémulo e rouco.

Felice Scorpius. Aquele nome era-me vagamente conhecido apesar de nunca ter visto aquela aluna antes. - Só lhe posso dar essa autorização com um motivo sólido e consistente. Tem algum?

Motivo? Ah merda. Que tal: Estou apaixonada pelo mentiroso do seu sobrinho que me traiu não sei quantas vezes, e que ainda agora o apanhei enrolado com duas? - Eu... Bem... Eu acabei por me apaixonar pelo meu suposto marido que me trai constantemente. E mesmo depois de me ter dito que não o voltaria a fazer, apanhei-o em flagrante.. E... Eu preciso de sair daqui uns dias... - Baixei o rosto ao sentir as lágrimas nos olhos - Por favor deixe-me ir...

Ah, pois, problemas de parcerias. - O melhor é resolverem esses problemas com a psicóloga do colégio. É normal aparecerem problemas entre os casais durante o casamento - Então aí fez-se um clic. Era daí que conhecia o seu nome. Aquela era a parceira do meu sobrinho, o Mikko. Lembro-me de a emparelhar com ele. - É a parceira do Mikko - isso explicava muita coisa. Eu conhecia bem o meu sobrinho e o seu comportamento. - Bom, neste caso posso abrir uma exceção e conceder-lhe alguns dias fora do colégio.

 - Sim, sou.. - Murmurei quando questionou, limpando a lágrima que entretanto caiu. Respirei fundo, aliviada quando disse que eu podia ir. Oh graças a Deus!  - E quantos dias eu posso ficar no hotel, senhor director? - Perguntei para saber quando devia regressar e não haver problemas nenhuns.

Eu não gostava de favorecer ninguém mas neste caso, ia abrir uma exceção. - Quatro dias, menina Scorpius. Eu próprio terei uma conversa com o meu sobrinho - Respondi, num tom cerrado. O rapaz não podia fazer nada direito, nem mesmo no colégio de família?

 - Muito obrigado, senhor director. Daqui a quatro dias eu voltarei então. Era só isso, eu vou então embora, para o Hotel da cidade. Mais uma vez, muito obrigado - Agradeci, levantando-me da cadeira e ajeitando o vestido. Deixei os sacos de compras nos corredores. Merda. Também não vou para lá agora, muito menos buscar roupa ao quarto! Não quero ver o Mikko! Saí então do gabinete, indo logo para o Hotel, de táxi.

Encerrado.

Acompanhei a aluna até à porta e depois fechei a mesma. Depois voltei para o meu cadeirão e liguei as colunas stereo. Dei por mim a pensar no que fizera na noite anterior. Era horrível. Não sabia como descera tão baixo ao ponto de me envolver com uma aluna. Tinha de resolver isso.

Ainda demorámos algum tempo a chegar ao colégio. Não tínhamos pressa nenhuma em lá chegar. Antes de bater à porta, olhei para Felly e beijei-a.

Correspondi ao seu beijo apaixonadamente e depois apertei-lhe ligeiramente a mão, esperando que batesse à porta.

- Vamos lá a isto.
Murmurei divertido e bati à porta. Entrámos de seguida.

enviei mp (:

O Director ficou meio surpreso por nos ver de mão dada e eu corei um pouco. Sentei-me ao lado do meu namorado em frente ao director, deixando Mikko conversar com ele

Eu entrei com o meu sorriso irónico, como sempre fazia quando estava na presença do meu tio. Sentámos-nos os dois nas cadeiras vazias, eu e Felly.
- Vejo que têm as coisas resolvidas. Ganhaste juízo, Mikko. - disse o meu tio no seu tom habitualmente desinteressado. Juízo, ó sim...
- Como tal tio, viemos cá pedir-lhe um favor. Queremos fazer uma viagem. Sabe, a parte da lua-de-mel que o seu programa deve ter.

Olhei o seu tio com atenção. Ele até que tinha um sorriso bonito, mas daí a ter charme e ser tipo bué'da hot... Nã, eu prefiro o meu Mikko. Sorri-lhe educadamente e apertei ligeiramente a mão - Sim, isso mesmo.. Nós queremos fazer uma viagem... Queremos ir a Las Vegas, em lua-de-mel. Eu tenho lá a minha mansão, por isso nem sequer temos de gastar dinheiro com alojamentos - Adiantei, num tom sério mas sempre com um sorriso carinhoso

Por momentos ainda pensara que a rapariga tinha levado Mikko por um bom caminho. Não era o meu dia de sorte e devia tê-lo percebido logo com aquele sorrisinho dele. Vegas? Pois sim...
- Não vejo o quê que Las Vegas vos pode oferecer em termos de contributos para a vossa relação. Deviam ter um destino melhor que se ajustasse ao programa - nem por sombras ia deixá-los irem para Vegas. Essa cidade só trazia problemas.

Franzi o sobrolho e suspirei discretamente. Homem chato. - É a minha terra natal, senhor director. É uma boa cidade para fazermos aquilo que pretendemos: distrair. E esteja descansado, não vamos andar a fazer poucas vergonhas, se é isso que o preocupa. Vamos apenas passar uns dias à minha terra e descontrair, nada mais - Afirmei igualmente séria, olhando-o nos olhos. Se começas a falar mal da minha terra, temos o caldo entornadíssimo

A cara do meu tio quando Felice lhe dissera que íamos a Vegas era impagável. Surpreendentemente, a minha rapariga estava a controlar a situação.
- É apenas uma semana - ou duas, acrescentei mentalmente - Não vai acontecer nada de mal, tio. Desta vez pode confiar em mim - segurei na mão de Felice, bastante confiante.

- Por favor, deixe-nos ir.. Eu certificar-me-ei de que nada de mal acontece. E não vamos andar a fazer nada de mal, só nos vamos divertir um pouco, longe daqui. Por favor - Acrescentei, segurando a sua mão. Claro que não vamos fazer nada de mal... Só vamos andar a beber, a consumir e tal, nada de mal. Ri interiormente mas mantive o ar sério

Podia ver a indecisão na cara do meu tio. Mas pelos vistos, Felice estava a dar-lhe a volta. Wow, tinha de aprender com ela.
- Por favor tio. Sabe que já fui lá e regressei inteiro. Não vai ser diferente desta vez.
Foi então que o meu tio fez algo que eu nunca tinha presenciado antes: encolheu os ombros e pareceu resignado. Estranho.
- Só vais com uma condição, Mikko. Com a autorização da tua mãe - fácil. - Agora saiam do meu gabinete, tenho mais coisas para fazer.
Antes que ele mudasse de ideias, saímos.

Fiz um pequeno sorriso e levantei-me, agarrando bem as flores com a outra mão - Obrigado, senhor director - Agradeci amavelmente, levantando-me depois e dando a mão a Mikko, novamente. Olhei-o pelo canto do olho e sorri de canto, saindo com ele.

Encerrado.

Eu ainda estava estupefacto pela atitude do me tio. Ele bem que andava estranho. Encolhi os ombros e segui Felice. Las Vegas, baby. Eram só mais uns dias.

encerrado.

Estava a ser um dia atarefado, como era normal. Mas a minha cabeça não estava no trabalho nem na porcaria da papelada do colégio que ocupava a minha secretária. - Urrr... - tirei os papeis dali e enfiei-os numa pasta. Até que a minha secretaria ligou para o escritório, informando-me que a psicóloga matrimonial recentemente contratada estava à espera para entrar. Minutos depois, informei que já a podia receber. Fiquei sentado na minha cadeira, cheio de vontade de fumar alguma coisa e com as mãos nervosas. Não estava com paciência para conhecer ninguém.

O dia antecedente marcou-se pela minha chegada à cidade onde iria habitar por longos meses, a viagem passada havia sido extremamente fastidiosa e suprimida em tédio profundo que quase me levou ao desespero dentro das paredes do avião, ou até mesmo do carro que recentemente havia comprado. Após chegar um alivio inundou a minha mente pois sabia que iria descansar no meu apartamento, algo que rapidamente se dissipou ao me aperceber que tinha algumas malas de roupa para arrumar e deixar para o dia seguinte era coisa que não faria nunca. Era de noite quando me deitei e mal o fiz aterrei completamente no mundo dos sonhos e virtudes onde permaneci até depois do almoço, sendo interrompida pela secretária do meu futuro patrão, algo que lamento ter esquecido; porém ainda estava a tempo. Deambulei até à janela e observei o sol por poucos segundos, inspirando o ar citadino do qual tinha imensas saudades. Tomei um banho relaxante e tratei de mim, mimando-me ao máximo com cremes e mixórdias do tipo; mal me dei por arrumada segui até ao carro onde parti de encontro com o colégio que me pareceu ser um local bastante agradável.

Invadi o espaço do colégio e mal trespassei os portões de entrada dirigi-me ao seu gabinete onde outrora comuniquei a minha chegada à sua secretária que não me pareceu muito bem humorada, a espera foi breve e mal o diretor estava pronto a receber-me levantei-me ajeitando-me e bati levemente à porta esperando que me deixasse entrar. Mal ouvi a sua confirmação de entrada entrei e fitei-o de leve. – Bom dia. – saudei-o acompanhando-o com um leve sorriso enquanto fechava a porta com cuidado e sem barulho e aproximei-me  dele estendo a minha mão. – Heather Martin. – apresentei-me apertando a sua mão de forma delicada.