Gabinete de Aconselhamento Matrimonial

Mal ele se colocou frente a mim não consegui não olhá-lo nos olhos, chama-se a isso instinto humano. Acompanhei-o calada e deliciada com toda a observação detalhada que tinha feito em meros minutos, pois o meu gabinete era demasiado próximo do seu. Não consigo descrever o quão isso me mete nervosa, por ter o meu chefe a apenas alguns passos de mim.
O barulho da chave na porta era algo que naquele momento dispensava ouvir, pode-se dizer que o guincho do metal a roçar no outro não é algo que aprecie; entrei atrás dele e pude sentir o cheiro do seu perfumo a colidir com o meu transbordando assim esta nova sala de uma nova fragrância. - Hmm.. Muito obrigada...-  a verdade é que não sabia como tratá-lo. - Mr Sullivan. - conclui e olhei a minha volta parecendo-me tudo no seu devido lugar e à minha altura.

Fui indicando-lhe o caminho até à porta do seu gabinete. Abri-a e de seguida entrei, sendo seguido por ela A decoração era nova, o gabinete estava por estrear. Cabia-lhe a ela esse papel.
- Mais uma vez, não tem de agradecer Miss Martin - disse uma vez mais - Espero que goste do seu escritório. Foi recentemente remodelado.

[b style="color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-size: 12px; line-height: 18px; background-color: rgb(255, 255, 255);"]-Miss Martin não, por favor. Trate-me por Heather[/b] - pedi num tom baixo, a verdade é que isso me fazia pensar no quão rápido havia passado o tempo, e eu não gosto de nostalgias. - Sim, está perfeito...obrigada. - suspirei um pouco e olhei em volta para os meus arquivos vazios onde já esperava encontrar informações sobre os casais e os alunos. Apenas esperava que as modernices tenham chegado a este colégio e que as tenham mandado para o meu e-mail.

Não era meu costuma tratar as pessoas pelo seu nome próprio, a não ser que me sentisse confortável para isso. Fiz um esforço para começar a pensar nela como Heather e não Miss Martin.
Mudando de assunto, novamente para o caracter profissional... - Como é óbvio, tem acesso ao perfil de todos os alunos e informações adicionais. Têm tanto em suporte papel como numa base de dados no computador, a qual receberá a passe de acesso.

O seu olhar um pouco reprovador desta minha pequena exigência fez-me voltar o olhar para ele, que como mais uma vez pareceu desconfortável mudou de assunto[b style="color: rgb(0, 0, 0); font-family: Helvetica; font-size: 12px; line-height: 18px;"]. -Ok, ainda bem então! Quero começar o mais rápido possível, para não perder mais tempo com nada.[/b]- a minha postura um pouco rígida e direita fazia-se notar o que me fazia manter o meu ar extremamente profissional...questionava-me interiormente qual seria e sua idade e a sua história.  

Não sabia que mais havia de dizer por agora. Ainda havia assuntos a tratar com ela mas podia ser noutra altura. Era melhor deixá-la ambientar-se ao colégio e aos alunos. Afinal de contas, este colégio tinha umas quantas particularidades especiais, como o nosso programa matrimonial no qual ela ia trabalhar diretamente.
- Pode começar já amanhã, se quiser.

A sua presença ali deixava-me um pouco tensa, a sua figura masculina era deveras sensual porém ao lado dele além de resfolgar sensualidade, tensão era também algo que este homem nos provocava...principalmente à irmandade feminina. Virei-me lentamente para ele enquanto ele desfrutava de singrar os seus pensamentos e observei as suas mãos com algum cuidado, até que a sua voz quebrou completamente a frieza que se instalara na sala. A sua ideia parecia-me bastante cómoda. - Sim, é o melhor. - a verdade de todo essa minha vontade de começar a trabalhar vinha de uma razão lógica : não conheço a cidade e ia-me perder...ou então é porque quedar-me sozinha iria dar cabo de mim.

O ambiente continuava tenso, mantido somente ao aspecto profissional. Normalmente isso não me incomodaria mas desta vez, estranhamente, estava ligeiramente incomodado e com vontade de acabar com aquele encontro o mais breve possível.
- Tem alguma questão, Heather? - pronunciei o sue nome com calmo por ainda não estar habituado a tal informalidade.

A sua inquietação deixava o ambiente mais tenso do que ele estava, sem saber de onde vinha tal estado olhei para uma das estantes sem dar importância a qualquer detalhe, alias tinha os dias todos para o fazer. - Acho que não Mr Sullivan, obrigada novamente. - Agradeci, não a minha entrada no colégio mas sim o tempo que havia desperdiçado comigo. Coloquei uma não sobre um dos cadeirões e senti o toque macio que o tecido proporcionava, estava frio e aquela mistura de temperaturas aliviava-me um pouco.
A  vista que  eu iria ter o privilegio de observar durante a minha 'estadia' nesta sala era recheada de perfeição, ao longe conseguia ver o mar e de perto alguma vegetação; porém, e como óbvio nada como a vista do Director.  Fechei os olhos durante alguns e meros segundos, algo imperceptível de se atentar,  e inspirei um pouco fundo sentindo este novo aroma produzido pela combinação dos nossos perfumes.

Se ela não tinha mais nenhuma questão, então podia dar aquela encontro com terminado. Não era que tivesse algo importante ou mais interessante para fazer mas assim podia deixá-la ambientar-se ao seu novo escritório.
- Sendo assim, resta-me dizer-lhe que tem qualquer um dos funcionários da Secretaria ao seu dispor. Se precisar de alguma coisa, sabe onde me encontrar.

Suspirei fundo e olhei para ele com um olhar um pouco só, como me estava a sentir neste momento.
Uma solidão inundou-me por completo ao perceber que iria ficar sozinha durante algum tempo, num lugar completamente desconhecido e isso fez-me ser um pouco impulsiva ao pedir para ele ficar. - Têm...ahmm...alguma coisa para fazer? - inquiri no âmbito de um convite e encarei a figura gélida que estava a minha frente.

Eu estava já a preparar-me para sair do gabinete e deixá-la a sós. Não o fiz porque ela voltou a falar a comigo. - Hum, nada de importante. Apenas papelada, sabe - Respondi, olhando-a. O que queria ela com aquilo?

Olhei para a sua figura de costas, mais precisamente para o seu terno e fitei-o enquanto ele se virava para mim em busca de algum tipo de resposta.- Sabe..eu ahmm..não conheço praticamente nada aqui, não quer fazer uma pequena pausa e ir tomar algo num café aqui próximo? - perguntei encarando-o e esperando uma resposta negativa vinda dele.

Normalmente recuaria tal convite. Desde que me divorciara, que não saía muito a não ser sozinho. mas quem queria eu enganar? Não podia continuar assim. Já se passara um ano desde o divórcio e era tempo de deixar de ser assim - Um café parece-me bem.

Os meus olhos estavam cravados no chão e o meu sub-consciente estava como um turbilhão de pensamentos. O tempo que James demorou a aceitar o meu convite deu-me tempo para refletir se estava a ir pelo caminho certo, pela primeira vez não tinha medido as consequências de tal ato e por isso iria ter que levar esta mini-saída algo ponderada. Passei o olhar pelos seus pés e subi o olhar acabando por esboçar um pequeno sorriso, brindando-o com a minha boa disposição. - Vamos? - perguntei passado poucos segundos de um silêncio cru e abri a porta deixando-o passar, como a boa educação assim o exige. Ao atravessar o colégio junto a ele cheguei à conclusão que ele era o alvo das adolescentes, alvo dos olhares indiscretos e dos sorriso um pouco mais atrevidos.

Depois de sairmos do seu gabinete, levei-a até ao parque de estacionamento - Até podíamos beber aqui mas, verdade seja dita, aqui o café não é grande coisa - revelei,  pouco agradado com tal coisa. Teria de arranjar uma solução para o fraco café que era servido no colégio - Por outro lado, conheço um excelente café na cidade. Podemos ir no meu carro - disse, apontando para o meu Porsche.

.Segui os seus passos um pouco atrás dele e soltei uma pequena e leve gargalhada ao ver o diretor a afirmar que o café que ele servia na escola não era grande coisa.- Agrada-me bastante essa sua ideia. - acabei por esboçar-lhe um sorriso. O seu carro era qualquer coisa de fenomenal, muito parecido com o do meu pai porém o dele possuía uma cor e um modelo mais antigo que James.
Entrei no carro quando ele me permitiu e mal o invadi senti o seu cheiro propagado por todo o seu carro.

Sentia-me um bocadinho estranho por "partilhar" o meu espaço com ela. Porém comecei a suavizar os meus pensamentos e comecei a conduzir - Vamos até um café na cidade, chama-se Lotti. Acho que vais gostar - mas aquilo era apenas eu a supor.

encerrado.