Quarto da Blair & Jake

Revirei os olhos sem ele ver. Era a segunda vez que ele recuava e isso deixava-me maluca.
Peguei no top e vesti-o.
- Sim, tudo bem. Pode ser. - encolhi os ombros e vesti um casaco.

Assenti sem o olhar.
- Sim. - peguei na mala e olhei lá para fora. Era noite cerrada.

Eu bocejei mal abri a porta do quarto. Estava cansado, muito cansado. Pousei a minha mala à entrada e aproximei-me da nossa cama.
- Estou com tanto sono. - Murmurei, deixando-me cair sobre a mesma sem sequer me despir. Fiquei assim por uns instantes até me endireitar um pouco e despir a t shirt. Logo a seguir, descalcei-me e tirei os jeans.

Deixei que ele entrasse e depois entrei também, trancando a porta e deixando a chaves na pequena mesinha.
Fiz-lhe uma careta quando disse que tinha sono e depois, enquanto me dirigia à cama, mordisquei o lábio com a ideia que me surgiu.
Peguei na camisola que deixara em cima da almofada e sentei-me na cama, virando-lhe costas; tirei o calçado e levantei-me, despindo os calções. Decidida com a ideia que me surgira, despi a camisola e depois levei as mãos ao fecho do soutien e retirei-o, tudo de costas voltada para ele.
Vesti a camisola branca lentamente e, quando já estava totalmente vestida, coloquei a roupa no cesto e deitei-me com um sorriso inocente.

Deitei-me de novo sobre a cama e fiquei a observar Blair que me fez uma careta engraçada. Eu sorri-lhe e fixei o meu olhar em si, enquanto ela se despia. Tentei desviar o olhar. Não queria parecer nenhum pervertido nem que me estava a aproveitar da situação, mas depois de tudo o que se passara era impossível fingir que não sentia nada por ela. Era certo que ela era bonita, porém parecia ser mais que isso. Engolindo em seco e encostando-me às costas da cama, finalmente consegui desviar o olhar, sentindo-me um pouco culpado. Será que devia dizer-lhe o que sentia por ela? Ou será que mais valia calar-me e deixar que aquilo simplesmente passasse?

Mordi o interior da bochecha ao reparar que ele estava sentado.
Toquei-lhe na perna e sorri, continuando com o meu ar de inocente.
- Não estavas com sono? Não tinha reparado que dormias sentado. - provoquei.

Engoli em seco.
- Não, de facto não durmo sentado. - Murmurei, olhando para a mão que ela pousara na minha perna, sem conseguir decifrar esse gesto. Com um piscar de olhos, movi o meu rosto na direção do seu olhar fixante e tentei sorrir. - Estava a olhar para ti. - Disse ainda mais baixo, com um novo engolir em seco. Já era tarde demais para fingir. Sentia-me corajoso e, por isso, aproximei-me de novo dela e coloquei a minha mão em redor do seu pescoço, puxando-a lenta e suavemente para mim. Rocei os meus lábios nos seus e sorri de novo. - E a pensar no quanto te desejo.

Sorri quando disse que não dormia sentado. Claro que não. Era super estranho alguém fazê-lo, porque, quer dizer...
Mordi o lábio quando virou o seu olhar para mim e sorri, deixando que me puxasse à vontade. Acabei por ficar quase sentada, bem junto a ele.
Capturei os seus lábios para um beijo lento, mordiscando-lhe o lábio inferior quando me afastei.
- Se me desejas, porque estás sempre a dar-me para trás? - perguntei contra a sua boca, colocando-me de joelhos, virada para ele; pus as mãos no seu pescoço e mordi o lábio enquanto esperava por uma resposta.

Quando ela me mordiscou o lábio inferior, eu soltei um suspiro de olhos fechados, desejando que aquilo nunca acabasse. No entanto, Blair quebrou o beijo com uma pergunta.
- Eu... - Disse baixo, afastando-me um pouco, mas sem querer realmente parar por ali. - Blair, é complicado. - Murmurei sem saber o que lhe contar. O meu olhar perdeu-se nos cobertores e eu suspirei. - Eu não te quero dar para trás, entendes? Eu gosto de ti e acho que é esse o problema. - Murmurei, olhando em seguida para ela, tentando ver se ela percebia. - E eu só me afasto porque eu não sei lidar com isso e porque eu tenho medo de estragar o que nós temos - o que quer que seja.

Toquei-lhe no pescoço com as pontinhas dos dedos, ouvindo-o com atenção; olhei os seus olhos azuis e mordi o lábio.
- Gostas de mim de que maneira? - perguntei confusa. Certamente como amiga, visto que ele só se afastava. - Quer dizer... Tipo... Ahm... Como amiga? - encolhi os ombros, pondo os meus pensamentos em palavras.
Subi com uma das mãos até aos seus lábios e passei o polegar pelo seu lábio inferior.
- Acho que a definição que podemos dar, só depende de nós. Sem me referir a isto dos casamentos, claro. - encolhi os ombros com uma careta.

Eu encolhi os ombros sem saber como continuar. Não achava que o que havia entre nós fosse uma simples amizade, mas, quem sabe, talvez estivesse enganado; pelo menos, em relação ao que ela sentia sobre mim.
- Sim, talvez. - Murmurei, sem me conseguir concentrar nos meus pensamentos, devido ao toque suave dos seus dedos nos meus lábios.

Suspirei.
- Então talvez não me devesses desejar, certo? - provoquei, descendo com a mão para o seu pescoço novamente.
Sentei-me no seu colo, de lado, estendo as pernas na cama.
- Mas desejas. - disse-lhe, beijando-lhe a bochecha. - E porquê um "talvez" com tanta incerteza? - olhei-o.

-Seria melhor. - Acabei por sorri e concordar com ela, sentindo a minha pele arrepiar-se com o seu toque. Segurei-a bem no meu colo, colocando as minhas mãos sobre a sua cintura e depois olhei-a nos olhos, enquanto sentia o seu beijo na minha bochecha. - Eu já te disse. Não sei lidar com o que sinto. Não sei se quero ser só teu amigo, mas também não sei se quero ser mais que isso.

- Não, não seria. Ou não seria mútuo. - encolhi os ombros levemente e aproximei os meus lábios dos seus. Por mais que tentasse, eu não conseguia resistir-lhe, já se tornara facto.
- Não te sabia assim tão indeciso. - provoquei contra a sua boca e depois beijei-o, encostando-me a ele. - Tens medo de alguma coisa, não tens? - perguntei-lhe baixinho, percorrendo o seu peito com uma mão enquanto traçava linhas imaginárias.

Ela voltou a beijar-me enquanto me provocava com os seus dedos que brincavam pelo meu peito. Eu olhei-a de novo antes de mergulharmos de novo num novo beijo, que me fez puxá-la inconscientemente mais para mim. Blair desejava-me. Isso foi suficiente para me dar mais um pouco de coragem.
- É complicado. - Sorri-lhe, não muito feliz. Falar da história do meu passado nunca era fácil, ainda por cima quando era algo tão frágil para mim que só de pensar me doía. E, quem sabe, se ela não gozaria quando lhe contasse. Já não seria a primeira vez.

Mordi o lábio inferior enquanto o olhava.
- Podes falar comigo. Não vou julgar os teus medos. - encolhi os ombros e virei-me para ele, colocando uma perna de cada lado do seu corpo. Cheguei-me mais para ele e beijei-lhe a bochecha levemente.
Queria que ele falasse. Fosse lá sobre o que fosse. Queria que ele confiasse em mim.

Eu olhei para ela e vi que falara verdade. Sorri-lhe calmamente enquanto lhe acariciava a cara.
- Foi quando eu era pequeno. Já se passou algum tempo. - Tentei sorrir, sem sentir realmente vontade de o fazer. - Os meus pais não se davam propriamente bem. - E calei-me, desviando o olhar, com a mente mergulhada em recordações dolorosas.

Permaneci calada, ouvindo-o.
Mexi-lhe no cabelo quando se calou e fiz com que me olhasses.
- Continua. - disse baixinho, tocando-lhe nos lábios com o dedo.

Engoli em seco e tentei manter o meu olhar fixo no dela.
- Os meus pais discutiam. Muito. Independentemente de eu estar lá ou não. - Murmurei. - E diziam coisas horríveis um ao outro; que nunca se deviam ter casado; que se odiavam; entre outras coisas. - Nem me apetecia lembrar do resto. - As discussões duravam dias e até semanas. Houve uma vez até que o meu pai bateu na minha mãe e durante 3 semanas, ela esteve afastada de nós, com os meus avós. Eu fiquei com o meu pai e ele embebedava-se quase todos os dias. Era mau. - Disse, desviando finalmente o olhar do rosto de Blair. - Acho que é por isso que não me dou bem com relações. - Disse. Eu simplesmente acobardava-me demasiado para estar numa. E se, no final, eu fosse igual ao meu pai? - É claro que não durou muito mais até se separarem. A minha mãe agora mora sozinha e o meu pai voltou a casar-se. Eu deixei de lhe falar mas sei que o novo casamento não vai durar muito.

Ouvi-o com atenção, mordiscando o lábio inferior e passando-lhe a mão pelo cabelo lentamente.
- Tens medo de relações? - arqueei ligeiramente o sobrolho. Era estranho.
Beijei-lhe a bochecha.
- Não tens que ter medo comigo. Seja lá o que isto - apontei para nós os dois - for. - disse baixo.

Eu encolhi os ombros.
- Podes gozar à vontade. É compreensível. - Murmurei, esperando que ela o fizesse. Quem raio tinha medo de uma coisa tão normal como as relações? Só eu, claro. Abanando a cabeça, meio desapontado comigo mesmo por deixar os meus medos falarem mais alto, fiquei sem saber o que mais dizer. Eu só tinha medo que o quer que eu e Blair tivéssemos fosse dar naquilo, naquelas discussões sem fim e naqueles momentos de sofrimento constante. Eu não queria que acabasse da mesma maneira que o casamento dos meus pais tinha acabado. Não seria justo para ela.

- Vou fazer uma coisa melhor do que gozar... - pisquei-lhe o olho e aproximei a minha cara da sua, mordendo-lhe o lábio inferior.
Cheguei-me para ele e beijei-o calmamente, mexendo-lhe na parte detrás do pescoço.

Assim que ela falou, não sabia muito bem o que iria fazer. Nem sabia muito bem o que eu próprio acabaria por fazer.
Quando, finalmente, senti os lábios dela nos meus, um arrepio tomou conta do meu corpo, reagindo automaticamente. Eu queria mais, queria muito mais que um simples beijo. No entanto, não me parecia correto. Apesar de ter confessado o que sentia, sentia que ainda nada estava resolvido.
- Blair... - Murmurei entre o beijo e afastei-a um pouco para que pudesse olhar para mim. - Eu só quero que saibas que estou disposto a tentar algo contigo, mas que... vai ser complicado.

Puxei-o para mim quando retribuiu o beijo e fiz beicinho quando nos separou.
- Então tenta. - incentivei-o. Eu também queria tentar ter algo... real.
Rocei os meus lábios nos seus e mordisquei-lhe o lábio inferior.