Quarto da Blair & Jake

Fiquei algum tempo na cama, virado para o lado oposto em que Blair se encontrava e embora não estivesse realmente a dormir, eu tentava fazê-lo. Só queria evitar ter uma conversa com Blair, especialmente sobre o ataque de ciúmes que me dera antes e sobre o que acabara por dizer sem pensar. Normalmente era isso que acontecia quando me irritava e, por isso é que detestava ficar irritado.
- Desculpa. - Murmurei baixinho, engolindo o meu orgulho e esperando que ela ouvisse.

Fechei os olhos com força.
- Eu só tentava fazer-te ciúmes. Como tu a mim. - disse baixo, sentindo uma lágrima solitária escorrer-me pela cara.

- Parece que resultou. - Demasiado bem. Admiti, ainda de olhos fechados, a imaginar Blair deitada no sofá, abraçada àquela almofada. - Desculpa o que eu disse. Não foi sentido e eu estava irritado com uma data de coisas. Desculpa. - E virei-me lentamente para o lado em que ela estava, tendo cuidado com a minha mão que ainda doía.

Olhei para ele a tempo de o ver virar-se. Suspirei.
- Posso ir para a cama? - perguntei baixinho. - Para os teus braços? - acrescentei ainda mais baixo.

Eu sorri-lhe e abri os cobertores para que ela se pudesse enfiar na cama a meu lado.
- Claro. Vem. - Disse um pouco mais alto, oferecendo os meus braços para um abraço.

Sorri, aliviada pela sua permissão e levantei-me, aninhando-me nos seus braços. Juntei as minhas costas ao seu peito e fiquei de conchinha com ele.
- Não faz mal ficar do teu lado da cama? - perguntei baixinho.

- Não, não faz. Eu gosto de te ter bem perto de mim. - Murmurei de encontro ao seu ouvido e depois beijei levemente o seu pescoço. Senti as suas costas encostar-se ao meu peito e rodeei o seu corpo com os meus braços. Depois lembrei-me de algo. - Ups. Parece que quebrámos a nossa promessa.

Sorri e juntei-me a ele o máximo possível.
- Foste tu a tocar-me primeiro. Ganhei. - brinquei.
Aninhei-me e olhei a sua mão distraidamente.
- Que se passou com a tua mão?

- Isso é mentira, tu é que te encostaste a mim primeiro. - Disse com um sorriso enquanto mordiscava o seu pescoço e depois passava para o seu maxilar. Olhei para a minha mão descoberta quando ela me perguntou o que se passara e eu fiz uma careta. - Ahh, bem... Irritei-me. - Disse baixo, meio embaraçado pela minha estupidez. - E acabei por descarregar na parede.

- Tu é que me estás a dar beijos e a arrepiar. - guinchei e sorri.
Fiz uma careta e ri-me.
- Dói?
Dei-lhe um beijinho no braço.
- Amo-te oh ciumento. - disse muito baixinho.

Eu ri-me com o seu guincho e continuei a mordiscar o seu pescoço.
- Dói um pouco. - Respondi e comecei a fechar e a abrir a mão, sentindo o beijo que ela me dera. Acabei por retribuir o beijo, mas na sua bochecha.
- Amo-te oh ciumento. - Blair disse e eu calei-me repentinamente, enquanto abria e fechava a boca apanhado de surpresa. Eu não sabia o que responder, embora achasse que também começava a sentir algo demasiado intenso por ela. Eu mordi o lábio e movi o seu corpo, tentando que ela olhasse para mim.
- E... - Comecei e desviei o olhar, sério e embaraçado. - Eu também... Te amo.

Olhei para ele e dei-lhe um beijo no queixo.
- Não é preciso dizeres por eu ter dito. - disse baixo. - Pareceu-me certo tu saberes de uma vez por todas. - sorri-lhe levemente.

Fiquei calado durante algum tempo, tentando assimilar o que acabara de acontecer. Eu nunca soube como lidar com este tipo de sentimentos, mas com Blair sentia-me mais seguro. Coloquei um sorriso no rosto e colei o meu nariz sobre o seu.
- Eu nunca o tinha dito antes a ninguém. - Confessei e voltei a sorrir, sentindo-me um pouco mais leve. - Eu nunca diria que te amo, se não sentisse mesmo isso.

Fiz um sorriso traquina.
- Estou contente por ser a tua primeira, então. - murmurei e beijei-o.

- Também eu. - Murmurei de volta, enquanto entrelaçava as nossas mãos e sorria entre o beijo. Apertei o seu corpo mais contra mim e colocando o meu rosto na cova entre o seu pescoço e o seu ombro, acabei por adormecer num sonho tranquilo.

Sorri e aninhei-me novamente nele, beijando-lhe a bochecha carinhosamente.
Quando adormeceu, acabei por adormecer também, no calor e conforto dos seus braços.

Acordei no dia seguinte, cedo como sempre. Embora gostasse de dormir até tarde, o meu corpo habituara-se a não o fazer e, por isso, acabava quase sempre por acordar mais cedo do que aquilo que queria.
Com um sorriso, lembrei-me que adormecera abraçado a Blair e tentando não a acordar, tirei da minha mala o meu caderno e sentei-me enquanto a olhava.
Pegando no lápis e na borracha, comecei a desenhá-la de novo.

Continuei a dormir mesmo depois de ele acordar; quando dei conta que já não estava nos seus braços, esfreguei os olhos preguiçosamente, voltando a colocar-me na mesma posição, cheia de sono.
- Jake? - disse como se choramingasse.

Senti o corpo de Blair mexer-se e tentei arrumar o meu caderno na minha mala sem dar muito nas vistas.
- Estou aqui, Blair. - Disse com um sorriso enquanto lhe passava gentilmente uma mão pelo cabelo. - Bom-dia. Dormiste bem?

- O que estavas a fazer? - perguntei devido ao barulho.
Abri finalmente os olhos e sorri-lhe.
- Dormi muito bem e tu?

- Oh, estava apenas a rabiscar. Não é nada demais. - Afirmei, encolhendo os ombros, à medida que lhe sorria. - Seria impossível não dormir bem contigo a meu lado. - Depois beijei-lhe suavemente os lábios e levantei-me. - Eu vou tomar um duche. Queres vir? - E fiz um sorriso meio provocador.

Senti os meus lábios curvarem-se num sorriso maior.
- Posso ver? - pedi, sentando-me na cama.
Assenti.
- Claro que quero. - retribui o sorriso.

- Oh, não é nada demais a sério. - Comecei, coçando a cabeça ligeiramente embaraçado. O que queria menos agora era mostrar desenhos que tinha feito dela enquanto dormia. Ainda me achava um tarado. - Acredita, são só esboços. - E abri a porta da casa-de-banho, despindo rapidamente os meus boxers. Com um sorriso travesso, olhei para Blair e liguei a água. - Então, vens ou não?

Fiz beicinho e levantei-me, mordendo o lábio levemente quando ele despiu os boxers e me olhou com aquele sorriso nos lábios.
- Estou a ir. - ultrapassei-o e entrei primeiro, fazendo um sorriso fofo. - Então diz-me o que desenhas. - pedi.

- Desenho especialmente ahh... esboços de graffitti. - Disse, sorrindo. Não era bem uma mentira, no entanto nos últimos tempos, até soava como tal. Coloquei a água para o quente e entrei depois dela, admirando o seu corpo com um suspiro. - Já nos podemos tocar, certo?