Jardins

Mastiguei a comida que já tinha na boca e bebi um bocado de água virando a cabeça devagar na direcção da minha companheira de quarto quando ela começou a fazer perguntas e abanei a cabeça voltando a concentrar-me na comida.
-Eu não gosto de perguntas - murmurei tentando ser educado.

Olhei para o esparguete pendurado no meu garfo e estiquei a cabeça na direcção do mesmo, enfiando-o na boca quando ouvi dizer-me que não gostava de perguntas. Juntei as sobrancelhas, olhando-o e acabei por soltar um suspiro.
- Isso vai ser complicado, eu gostava de ficar a saber mais coisas sobre ti.- disse.- mas tudo bem, eu não faço mais perguntas, hei-de arranjar outra forma de descobrir. - encolhi os ombros.

Quando o meu prato já estava vazio fiquei a fazer um som irritante do garfo no prato, mas quando até a mim me começou a irritar pousei-o colocando as mãos juntas debaixo da mesa ouvindo-a falar enquanto olhava para a árvore à nossa frente.
-Um matemático - respondi.

Fiz uma pequena careta mal ouvi o som que ele fazia ao embater com o garfo no prato, era deveras irritante. Mas não disse nada, queria ver se o conseguia fazer soltar-se e sabia que repreendê-lo não era a melhor solução. Pousei os talheres no prato e limpei a boca ao guardanapo, voltando a olhá-lo assim que falou, o que me surpreendeu. Bem, pelo menos tinha respondido à minha pergunta.
- Eu gostava de ser médica. - disse.- mas agora percebo porque estavas a fazer aqueles exercícios. - apontei com o queixo para o seu livro.- gostava de ter a tua paciência. - eu não era lá grande fã de números.

Mantém-te quieto, fica a ouvir. Tentei ouvi-la mas só me consegui concentrar no início.
-Não gosto de médicos - agarrei no meu livro e guardei-o na mala - são mandões. - puxei os meus pés para cima do banco ficando com o peito encostado às minhas pernas continuando a examinar a árvore à minha frente - não gosto de mandões - disse cada vez mais baixo.

Peguei na maçã que tinha colocado no tabuleiro e dei-lhe uma trinca, olhando depois para ele quando começou a murmurar coisas sobre os médicos.
- Eu não vou ser mandona. - abanei a cabeça.- vou ser uma médica fixe. - abanei a cabeça de forma afirmativa, como que a concordar com o que eu própria dizia.- e tu também vais ser um matemático fixe, apesar de eu não gostar muito de matemática. - soltei uma leve gargalhada.

Encostei o queixo ao meu joelho quando vi um passarinho a pousar na árvore que eu observava. Esbocei um sorriso antes dela me estragar o silêncio.
- Vais ser - murmurei - Matemática é fácil.

Fiz uma pequena careta ao ouvi-lo falar e olhei-o.
- Eu pareço-te mandona? - perguntei meio intrigada. Eu aindda não o tinha obrigado a nada, pelo menos que eu me lembrasse.- só se for para ti, eu não percebo nada daquilo? - encolhi os ombros.

Encolhi os ombros para responder à sua pergunta e deixei os pés cair levantando-me e agarrando a minha mala.
-Todos são- respondi colocando a mala ao ombro.

- Eu não vou ser. - voltei a dizer, deixando a minha teimosia sobressair. Peguei no tabuleiro, indo colocá-lo num carrinho que havia ali e quando voltei para junto de Jake, já ele se encontrava de pé.- vais embora? - perguntei, juntando as sobrancelhas.

- Todos mandam - disse cerrando ao maxilar por estar a contrariar-me. Virei costas indo embora ouvindo mais tarde a sua voz - já comi

Acabei por me calar mal o ouvi continuar a teimar, era melhor não contuniar ou ainda voltávamos novamente ao ''eu não falo contigo, não me toques''. Juntei as sobrancelhas ao ouvi-lo dizer que já tinha comido e deixei escapar um suspiro.
- Está bem. - disse baixo.- não queres companhia pois não? - baixei o olhar para a mesa, brincando com um bocadinho de madeira solta da mesma, voltando depois a olhar para ele.

Parei de andar quando não teimou ligeiramente admirado e virei-me de frente para ela olhando para o chão.
-Segue-me se quiseres - murmurei, só não queria perguntas.

Contrariamente ao que pensava que ele ia dizer, Jake murmurou que o seguisse se assim quisesse. Assenti, ainda meio admirada, mas lá me levantei, ajeitando a minha mala em cima do ombro.
- Eu sigo, sem perguntas, eu prometo. - disse num murmuro.

Mordi o meu lábio colocando as duas alças da mala nos dois ombros ficando assim com as duas mãos nas mesmas. Olhei-a de lado e encolhi os ombros.
-Eu vou para a biblioteca

Apressei-me a colocar-me ao seu lado, acompanhando o seu passo e virei a cara na sua direcção assim que ele falou.
- Não faz mal.- disse com um encolher de ombros.- eu também sou estudiosa.- brinquei.

Juntei as sobrancelhas como se estivesse a perguntar "o que é que ela está a dizer" a mim próprio. Eu não era estudioso, só gostava de livros, a biblioteca não era só para estudar.
-Eu só gosto de livros. - encolhi os ombros subindo as escadas e entrei na biblioteca sorrindo para mim próprio quando senti o silêncio.

Antes de passar pelo o quarto fui até aos jardins e sentei-me no revaldo a ouvir música pelos phones do iPone enquanto cantarolava baixinho e me abstraía do resto do mundo.

Saí do interior do colégio passando para o exterior. Continuei a andar pelo jardim, até avistar Sophia sentada no relvado. Já não a via desde que partira, e quando soubera que ela vinha para o colégio, entrei em estado e paranóia, finalmente ia ter a minha melhor amiga ao meu lado. Aproximei-me dela em passo acelerado.

Estava cada vez mais a abstraír-me quando vejo Kendall, a minha melhor amiga. Sorrri muito quando ela veio ter comigo, já sabia que ela estava lá mas com isto tudo esqueci-me de avisar que já tinha chegado também
-Kendall-disse quando chegou ao pé de mim e abrecei-a com força

Sorri e abracei-a com força. Sentira falta dela e das nossas conversas. Já tinham passado meses, e nesses poucos meses raramente falámos.
Afastei-a um pouco para olhar para a sua cara. - Continuas igual... - Sorri.

Sorri com o seu abraço, estava cheia de saudades e cheia era pouco!Ri-me com o seu comentário.
-Pois continuo! Mas tu não-olhei bem para ela e sorri-Estás mais bonita-elogiei-a rindo-me baixinho e afastei uns cabelos da cara

Ri com o seu comentário. Ela continuava igual, bonita e elegante. Voltei a abraçá-la. - Eu diferente? Só se for na inocência... - Ri e olhei-a. -Chegaste à quanto tempo? - Interroguei-a com um ar sério.

-Sim diferente-ri-me-Hum... na inocência? Andas muito espertinha tu-Puxei-a para se sentar comigo no revaldo-ainda hoje e por enquanto ainda não tenho marido... felizemente! Ou então não...-Respondi também num tom sério

Ri e sentei-me ao lado dela. Ouvi-a e esperei que acabasse para lhe responder. - Sorte... definitivamente... eu já tenho e sinceramente preferia não ter... - Olhei para o céu estrelado. - E como estão as coisas por lá?