Jardins

- Degradada?! - Ergui o sobreolho. Eu estava apenas de mau humor por as minhas ideias não terem dado resultado. Estava-me a lixar para aquele colégio e para todas as suas regras estúpidas. - Não estou ''degradada'', estou.. hum.. deixa para lá!

- A meu ver, este colégio consegue degradar uma pessoa. Mas estava-me a referir ao facto de pareces zangada. Isto por aqui também tem esse efeito nas pessoas - comentei divertido, levando o cigarro à boca.

Ele parecia saber imenso daquele sítio e bastante divertido, até. Encolhi os ombros e acabei com o meu cigarro num instante. - Não estou só zangada por estar aqui. Estou zangada por o diretor ser um rafeiro..

Quando ela se referiu ao meu tio então sim, comecei-me a rir às gargalhadas. "Rafeiro". Sim, era um sinónimo que se adequava ao meu tio no que dizia respeito às raparigas. - Deixa-me adivinhar, ficaste encantada com o James Sullivan?

Quase que me engasguei com a minha própria saliva, quando ouvi a sua pergunta. Olhei-o meio que de esguelha. - Ai não, credo! Ele é pedaço de mau caminho, mas só quero brincar com ele! - abanei a cabeça. Nunca na minha vida me ia encantar por algum homem que fosse. Era simplesmente ridículo, aquilo.

Sim, sim... Algo se passava para ela chamar o diretor de rafeiro.
- Então se não estás encantada com ele, porquê que o chamas de rafeiro?

Não era como se me orgulhasse muito daquilo, para desatar a falar à primeira pessoa que me aparecesse à frente. Mesmo assim, lá lhe respondi. - Porque o rafeiro deu-me duas negas! - resmunguei. E nem valia a pena pronunciar-me, quanto ao que eu tentara fazer.

Ri-me ainda mais. Não era difícil imaginar o meu tio a negar uma rapariga, especialmente uma como ela.
- Desculpa lá estar-me a rir. Mas não és a única que ele já rejeitou.
Antes que ela se chateasse comigo, mudei de tópico - Sou o Mikko. Como te chamas?

- Na boa.. - Ele que se risse. No fundo até tinha a sua piada, por mais irritante que fosse. E depois, eu ainda tinha esperanças que aquele diretor fosse comido pela minha pessoa, logo.. - Sou a Paige..

- Que maluquices fizeste para que ele te rejeitasse duas vezes?
O meu cigarro acabou rapidamente. Recompus-me e deixei de rir.
- Prazer em conhecer-te, Paige. Sê bem vinda ao colégio, já agora.

- Nada de mais.. Apenas lhe dei a entender que o queria comer e posso até ter-me trancado no gabinete com ele e até me despido e tals.. - cruzei os braços ao peito. Aquilo até me dava uma certa vontade de rir. - Prazer é só na.. hum.. mas, obrigado.. - ri-me.

Aquela miúda tinha coragem... e rebeldia. Recomecei-me a rir. Só conseguia imaginar a cara do meu tio naquele espectáculo todo - Não acredito que fizeste isso. Ele deve ter-se passado - Era delirante.
- Prazer é só na cama, era o que ias dizer?

- Sim, passou-se.. O coitado para além dos belos cornos reluzentes, nem sexo devia ter! - abanei a cabeça e voltei a rir-me. - Era pois. Mas lembrei-me que existem outros sítios, que não a cama.

- Também já estás a par da história. E realmente, duvido que a mulher dele lhe desse algum de jeito.
Eu nunca gostara da mulher, para dizer a verdade.
- Exactamente. Há tantas coisas mais engraçadas que uma cama.

- Acho que a maioria do pessoal do colégio, está a par . - espreguicei-me. - Vê lá tu, que até lhe perguntei, se doía ter cornos, mas o homem.. um caso perdido. - mas eu ia fazer com que aquele caso perdido, não fosse tão perdido assim. - Muito mais engraçadas, sem dúvida!

Desta vez não fora eu o culpada do rumor se ter espalhado. Era de admirar.
- Um caso perdido, sem dúvida. Já se divorciou há um ano e ainda anda na mesma. Depois inventa a porcaria deste programa matrimonial.
Esbocei um sorriso nada inocente.

Sim, aquele programa estúpido, ao qual o meu pai, com um grande sorriso tinha aderido para a minha pessoa. - Podes crer.. cá para mim, nem bater punheta, já o deve fazer. - abanei a cabeça. Ainda não percebia o porquê daquele programa. - Não é com isto, que o pessoal vai deixar de meter cornos uns aos outros. Aliás, estou mesmo a ver que daqui a umas semanas, isto deva chamar-se de maternidade.

Caramba, ela estava mesmo zangada com o director. Mas também estaria provavelmente certa... Já nem eu reconhecia o meu tio.
- Concordo com isso das traições. A monogomia não é algo que se vá praticar por aqui. - porque eu já estava com intenções de "trair" a minha "mulher"

Comecei-me a rir e olhei-o. - Pois é.. Da minha parte, o marido que aí vier, vai deixar logo de o ser rapidamente e com um belo peso na cabeça! - disso tinha bem a certeza. Nem um dia ia durar..

- Ainda não tens "marido"?
Era de admirar como é que ela ainda não tinha, quase toda a gente estava pegada em alguém por aqui - Ui, que violência, Paige - gozei.

- Felizmente, não! - recusara todos os que me apareciam à frente e além do mais, nunca me interessaria por alguém, ou suportaria dividir a minha cama com uma só pessoa e durante meses! - Que violência nada.. não sou mulher de um homem só. - isto soara meio que mal, mas estava-me a lixar.

Se bem conhecia o meu tio, ele não ia deixar que ela continuasse livre neste programa. Aliás, depois de tudo o que ela me contara sobre o que tinha feito, estava surpreendido por ela ainda estar no colégio.
- Ai não? - perguntei divertido - Precisas de mais do que um, hein?

- Claro.. Orgias e ménage, não são algo que me desagradem. - fiz uma careta e comecei-me a rir. Aliás, tudo o que envolvesse sexo, não desagradava-me nada. Mas, mais valia estar calada. Não fosse o rapaz ficar com má impressão de mim.

Ela falava abertamente dessas coisas. Ainda bem.
- E já encontraste alguém aqui no colégio para isso?

Acenei negativamente com a cabeça. A maioria dos rapaz que tinha andado de olho, não só fora e dentro daquele colégio, pareciam uns incapacitados de primeira. Vá, menos o senhor diretor, pensei. Parecia enferrujado, mas ele não devia ser assim tão mau. - Não.. mas.. hum.. estou aberta a solicitações.