Quarto da Caitlin & Jake

Sai do quarto indo na direçao da primeira sala de aula em que tínhamos que ir. Antes de ter entrado no colégio que sabia onde era todas as salas que haviam porque o meu tio tinha-me dado um mapa e, como seria de prever eu tinha decorado tudo, assim como o meu horário. Olhei para trás apertando a minha mala, que estava ao ombro.
-Posso

Segui pelos corredores sempre atrás dele, aproveitando para tentar decorar o caminho. Fui ajeitando a mala, que me escorregava pelo ombro por vezes e olhei para o rapaz assim que ele olhou para mim, por cima do seu ombro.
- E qual é..? - perguntei, tentando incentivá-lo para que mo dissesse.

Parei depois de subir as escadas visto que era a primeira porta depois das mesmas e olhei para o grupo de alunos que já estavam lá dentro à espera da professora. Engoli em seco virando o olhar para ela.
-Jake de Jackson Robins.

Subi as escadas atrás dele, agarrando-me ao corrimão para não cair e parei igualmente atrás dele, ouvindo-o finalmente a dizer-me o seu nome.
- Eu sou a Caitlin.- apresentei-me, apesar de achar que já o tinha feito.- Caitlin Watson.

engano

Fiquei parado à porta a olhar para todas aqueles alunos da minha idade. Olhei uns meros milésimos de segundo para ela e voltei a virar o olhar para a sala.
-Vão entrar ou não?

Olhei para dentro da sala quando o vi fazer o mesmo e logo depois, ouvi a professora perguntar-nos se íamos entrar.
- Sim, peço desculpa. - disse meio atrapalhada e agarrei-lhe no braço, puxando-o para que entrássemos.- ficas ao pé de mim? - perguntei-lhe baixinho.

A professora estava ao nosso lado,a entrar ao mesmo tempo que nós.Ia ganhar coragem quando olhei para o meu braço, que estava a ser puxado por Caitlin. Abanei negativamente a cabeça soltando um grito. Separei-o com um gemido como se me doesse alguma coisa e todos olharam para mim. Cada vez me queria ir mais embora.

Pouco depois de lhe ter agarrado no braço ouvi um grito seu que me fez parar de andar e olhá-lo de olhos arregalados, tal como o resto da turma.
- Credo, o que é que se passa? - perguntei com uma careta.- eu não te agarrei com força. - disse depois num tom mais baixo.
- Está tudo bem? - a professora perguntou. Olhei para ela, ainda meio abismada com tudo aquilo, mas abanei a cabeça de forma afirmativa para não criar mais alarido do que o que já tinha sido provocado pelo seu grito.
- Vem sentar-te ao pé de mim. - disse, ainda a falar baixo.- eu prometo que não te toco.

Estava tremer por todo o sítio. Toda a gente me olhava, até a professora. Baixei-me para agarrar nos meus livros que entretanto tinham caído e quando me voltei a levantar olhei para o chão. Abanei negativamente para responder à pergunta da professora, mas ela não ligou porque Caitlin falou alto. Não me mexi mesmo depois dela ter pedido para me ir sentar ao pé dela.

Olhei de lado para a mala que ela colocou na cadeira e soltei um suspiro frustrado.
-Não, para de ser desarrumada - resmunguei agarrando na mala dela e coloquei-a junto da minha, ao lado da prateleira. - A minha mãe deu ordens ao meu tio para ficar de olho em mim. Por isso não sei se posso sair do colégio.

Levantei as duas sobrancelhas ao mesmo tempo quando ele pareceu ficar chateado por eu ter pousado a minha mala em cima da cadeira e fiquei sem saber o que dizer enquano o via arrumá-la.
- Desculpa. - foi a primeira coisa que me lembrei de dizer, fazendo logo de seguida uma careta quando falou da mãe.- porque é que ela fez isso? - perguntei, lembrando-me logo da opinião dele acerca de perguntas.- desculpa, já estou a fazer perguntas a mais.- voltei a pedir.- vamos pelo menos até ao jardim, tenho a certeza de que te vai saber bem apanhar ar. - comentei com um pequeno sorriso tentando não ser chata.

Virei-me para a janela da rua aproximando-me da varanda para onde dava para ver o exterior e soltei um suspiro cruzando os braços ao peito. Eu queria ir lá para fora, mais especialmente para minha casa, para a minha verdadeira casa e para o meu verdadeiro quarto. Soltei mais um suspiro frustrado por ela ter voltado às perguntas, mas quando pediu de desculpas, assenti perdoando-a.
-Está bem - virei-me para ela e esperei que viesse comigo.

Encostei as minhas costas à porta enquanto o via olhar pela janela e questionei-me sobre o que estaria a ver, ou melhor, a pensar. Continuava a achá-lo demasiado estranho, se bem que isso só me dava ainda mais vontade de o conhecer melhor. Mostrei um sorri genuíno quando aceitou e aproximei-me dele, tocando-lhe suavemente no braço para que me seguisse a sair do quarto.
- Vais ver que não te vais arrepender.

Olhei a sua mão quando me tocou no braço mas decidi não afastar, pelo menos tentei não rejeitar o seu toque ao máximo, queria mesmo ficar melhor para a minha mãe ver que já me podia tirar dali. Assim ia poder voltar para o meu quarto.
-Falas muito, não falas?- perguntei com um pequeno sorriso ao canto da boca - a minha irmã nunca se cala.

Abri a porta, deixando-o passar primeiro, mas rapidamente me coloquei ao seu lado, descendo as escadas dessa forma. Olhei-o pelo canto do olho assim que falou e mordi o meu lábio inferior de forma meio atrapalhada.
- Nota-se assim tanto? - perguntei com um suspiro, mantendo um sorriso assim que falou na sua irmã.- então suponho que seja uma coisa boa, tu querias que eu fosse parecida a ela, não era?

Desci os degraus calmamente, era muito distraído e se caísse ainda partia alguma coisa. Sorri com a sua pergunta e encolhi os ombros como resposta.
-Sim, ela é divertida e eu gosto. Mas não faz muitas perguntas como tu. - olhei em frente e esforcei-me para continuar a conversa - vamos sairndo Colégio?

Agarrei-me ao corrimão enquanto descia as escadas, visto que o estava a fazer enquanto olhava para ele e sorri quando concordou com o facto de ser bom eu falar muito. Desci o último degrau, passando uma mão pelo meu cabelo quando pousei os pés no chão e a seguir olhei-o com uma careta.
- Eu prometo que vou tentar mudar isso. - assegurei, começando à procura de alguma indicação de onde ficava o jardim.- não. - respondi.- quer dizer, eu pensei em irmos só até ao jardim, como disseste que não podias sair.. - encolhi os ombros.

Ao perceber que ela estava à procura da porta da saída comecei a ir em direcção da mesma à sua frente.
-Vou gostar de te ver tentar - comentei - mas acho que não vais conseguir. A minha mãe não conseguiu - continuei respirando depois o ar puro assim que chegámos ao jardim. Não era o mesmo que estar na rua onde não havia grades, mas já era bom.

Sorri ao ver Jake andar à minha frente, por perceber que me estava a indicar o caminho e segui-o, acabando por me colocar ao seu lado.
- Até parece.- resmunguei num tom baixo.- eu consigo não fazer perguntas.- encolhi os ombros, era difícil, mas não era impossível. Fiquei mais entusiasmada assim que chegámos ao jardim e olhei em volta. Fechei os olhos para aproveitar o ar puro e olhei para Jake juntamente com um sorriso.

Puxei caitlin pelo braço instintivamente enquanto corria com um sorriso nos lábios. Quando entrei olhei em volta e nao havia nenhum embrulho mas sim um dos meus candeeiros de lava na comoda ao lado da cama. Arregalei os olhos e fui ajoelhar-me a frente daquilo tocando nas bolhinhas que apareciam de todas as cores.
-olha -chamei-a baixinho

Pelos vistos a minha tentativa de tentar percebet que estva tudo bem tinha sido mais do que falhada, se bem que pela forma como ele corria dava para ver que estava mais do que entusiasmado. Mas com o que é que seria? Arregalei ligeiramente os olhos quando o senti puxar-me para andar ainda mais rápido e tentei acompanhar o seu passo, entrando logo de seguida no quarto com ele.
- O que é que se passa? - acabei mesmo por perguntar, quebrando a minha promessa de não lhe fazer mais perguntas, mas assim que olhei em volta vi-o muito mais interessado numa outra coisa, um candeeiro de lava que estava no nosso quarto. Seria este o presente do qual o seu tio tinha falado? E porque é que aquele candeeiro e a forma como ele parecia encantado com as bolinhas de várias cores me era familiar? Fiquei a olhar para o candeeiro, na tentativa de decifrar o enigma que se formava na minha cabeça, e assim que ele me chamou, algo na minha cabeça despertou. Luke, era Luke, o meu irmão quem reagia da mesma forma do que ele. As cores chamavam-no à atenção, as cores e..as pessoas, ele não gostava das outras pessoas, só de mim. Será que..? Não, não podia, era demasiado evidente para eu não ter reparado, ou será que não tinha mesmo? Tinha tantas perguntas na minha cabeça. Abanei a cabeça, tentando por aquilo de lado quando me lembrei que ele ainda estava à minha espera, e caminhei até rle? ajoelhando-me.- é tão bonito. - disse, esticando um dedo para tocar, como ele.- foi a tua mãe?

Agarrei no candeeiro com as duas mãos fitando-o muito atento. Não conseguia explicar a forma fantástica em como aquelas cores me deixavam. Eram tão bonitas, subiam e desciam com as bolas de 'lava'. Podia ficar a olha, a seguir tudo ao pormenor com os olhos, durante horas seguidas. Às vezes ficava tão preso àquilo que alguém me tinha que abanar. Detestava que me abanassem, era um movimento bruto e por vezes doía. Semicerrei os olhos quando vi um dedo a tocar no meu candeeiro e olhei indignado para caitlin.
-Não toca! - disse da mesma forma que a olhava voltando a desviar o olhar para o candeeiro que continuava com a sua rotina. Eu nao me cansava. -Foi, ela sabe que eu gosto, mas continuo chateado- fiz questao de dizer.

Cada vez eu ficava mais confusa, cada movimento seu me levava a crer que o que ele tinha estivera sempre debaixo do meu nariz e só agora é que eu me apercebia disso. Juntei ambas as sobrancelhas, vendo a forma atenta como ele olhava para as bolhas de lava e mal me olhou também, de olhos semicerrados, eu arregalei ligeiramente os olhos, afastando logo a mão do seu candeeiro. Ele e Luke eram tão parecidos, começava tudo a fazer tanto sentido que eu nem sabia se queria acreditar no que via. Não que fosse uma coisa má, ou que as coisas fossem mudar entre nós, mas não deixava de ser surpreendente.
- Desculpa.- pedi, sentando-me com as costas encostadas à cama, ficando assim a olhar para ele, e deixei que falasse, sorrindo no fim.- não devias ficar chateado.- disse.- o colégio não é assim tão mau, tu vais ver que vais gostar.- encolhi os ombros, sem ter muito bem a certeza se ele me estava a ouvir, visto que estava tão concentrado no seu candeeiro.- e além do mais, ela trouxe-te este presente.- sorri.- foi bom da parte dela, eu sei que ficaste feliz.

Fiquei mais sério quando ela disse que o colégio não era assim tão mau, não era mau para ela que se podia dar com toda a gente que ali estava, que gostava de estar com toda a gente, para mim não, eu só gostava de estar no meu cantinho em casa, mas ela não me deixava. Não disse nada, suspirando apenas enquanto olhava as cores - ela sabe que é o meu favorito- murmurei baixo com um pequeno sorriso passando os dedos pelas cores que se formavam - mas ela sabe que não gosto de estar aqui.