Baixa da Cidade

- Já te mimo de formas muito boas.
Murmurei num tom malicioso. Ela sabia bem do que eu estava a falar.

 - Muito boas mesmo, amor.. - Murmurei de igual forma, mordendo o lábio. Voltei a olhá-lo nos olhos e beijei-o intensamente. Hmm, os seus lábios doces..

Segurei na sua ma e apertei-a delicadamente. Toda ela era delicada e eu sabia que tinha de ser sempre gentil com ela. Ou seja, andar com outras raparigas às escondidas estava fora de questão - Não acredito que me tornaste monógamo.

- Nem eu acredito.. Quando fui embora pensei que nunca mais te ia tocar sequer.. - Murmurei sincera, mordendo o lábio. Eu pensei que o tivesse perdido..

- Fiquei viciado em tocar-te e no teu toque.
Disse-o num tom de gozo mas era verdade. Por muitas mulheres que quisesse ter, sabia que nenhuma chegaria sequer aos calcanhares de Felly.

- Oh.. Meu tolinho - Murmurei corada, baixando o rosto. Nunca me apaixonei assim por ninguém, ninguém mesmo. Tive uma pequena crush, mas não passou disso. Eu amo mesmo o Mikko.

- Minha princesa...
Verídico, estás lamechas Sullivan. Abanei a cabeça - Acho que podemos ir agora que já namorámos um bocadinho.

- Sim amor.. Vamos lá discutir com o chato do teu tio.. Mas olha, ele nem me queria deixar ir embora, queria que fosse contigo a uma daquelas consultas dos casais.. Mas depois lembrou-se que eras tu o meu marido e lá me deixou.. Vá lá - Ri baixinho e dei-lhe a mão, indo com ele

- Já nos imaginaste aos dois num gabinete com um psicólogo maluco? Não ia dar bom resultado - gozei, esboçando um sorriso malicioso.

- Ah pois não ia não.. Ainda o mandava para outro lado - Gargalhei, continuando a caminhar em direcção ao college.

- O meu tio nem sempre foi assim tão... ugh, nem que sei que palavra usar - encolhi os ombros. Caminhei com ela, sempre de mão dada.

Olhei-o e sorri, encolhendo também os ombros. Será que esteve com outra em algum desses dias? Estremeci e mordi o lábio, continuando a caminhar.

Encerrado.

Ri baixinho e saímos do Lotti. - Pagaste outra vez a conta.. - Abanei a cabeça, sorridente - Ainda me estou a tentar habituar a isso

- Já devias estar habituada - Apesar de ela ser mais rica do que eu, ia continuar a pagar a conta.

- Mas porque é que eu não posso pagar? Só uma vez.. - Fiz beicinho e olhei-o

- Porque não é preciso. Eu gosto de te pagar coisas - respondi. Não era uma grande justificação mas teria de chegar.

- Pronto, está bem amor.. - Sorri-lhe docemente e continuei a caminhar com ele de mão dada. Respirei fundo e olhei tudo o que me rodeava. Nem acredito que mais logo vou para a minha cidade!

Já estávamos a caminhar em silêncio à alguns minutos. - Já alguma hipótese de me cruzar com os teus pais em Vegas? - perguntei. Não sabia bem se queria que isso acontecesse.

Arregalei os olhos e franzi o sobrolho. Olhei-o - Não, amor. Eles estão em Nova Iorque, demasiado ocupados com as suas vidas.. Porquê? - Perguntei curiosa

Sorri "inocentemente" para ela - Por nada... Por nada... Ia ser apenas um bocadinho estranho ter de conhecer os teus pais.
 

- Bem, a minha mãe é muito simpática e tal... Mas não queiras conhecer o meu pai, por enquanto.. - Abanei a cabeça e fiz uma careta

Por enquanto eu não queria conhecer nenhum dos seus pais. Isso soava a dar mais um passo na relação e não estava muito certo de querer avançar já assim. - Que mal tem o teu pai? - perguntei divertido.

- Ui, o meu pai.. Era capaz de te fazer um enorme interrogatório, com um olhar do tipo: vê lá o que fazes, senão mato-te - Imitei a voz grossa do meu pai e imitei igualmente a sua expressão facial carrancuda

Ok. Conhecer o seu pai estava mesmo no fim a lista do "coisas para fazer antes de morrer" -Parece ser um homem bastante simpático - ironizei.

- Ui, "simpatia" é com ele! - Fiz aspas com os dedos e gargalhei. Era melhor ele não conhecer os meus pais para já, pelo menos o meu pai. Se bem que foi o meu pai que me mandou para cá, sabe bem que estou com alguém. Talvez até nem houvesse grande problema. Mas não.. Um dia, mais tarde.