Hotel

Fiz que não com a cabeça, lentamente - A última vez que comi foi contigo, o bolo e o batido... Não comi mais nada desde então - Murmurei e abracei-o também, com cuidado e pouca força - Médico não.. - Resmunguei baixinho

- Isso foi há tanto tempo - estava admirado em como ela não desmaiara ou desfalecera - por favor, alguém tem de fazer alguma coisa a esses cortes. Não te quero ver magoada.

 - Pois foi.. Oh.. Mas eu vou-me ver aflita para caminhar daqui até lá fora, quanto mais até ao hospital.. E se depois me obrigam a ficar lá? Eu não quero, tu sabes que odeio hospitais.. - Murmurei carinhosamente, aconchegando-me no seu abraço da melhor forma que conseguia

- Então vamos fazer assim. Deixas-me tratar disto o melhor que posso, vais comer qualquer coisa e descansas esta noite. Amanhã vamos para o colégio e vais à enfermaria - disse baixinho, num tom preocupado.

 - Está bem, pode ser.. E dás-me umas beijocas também? Faz parte do processo para eu ficar boa.. - Sussurrei, dando-lhe um beijinho carinhoso. Então e agora, somos o quê? Namorados? Não... Ele não disse nada do tradicional: Queres namorar comigo. Somos... Coisos.

- Muitas beijocas, sim - disse com um sorriso - deita-de na cama, eu já volto - "ordenei" e fui até à casa de banho do quarto. Procurei pelo kit de primeiros socorros e molhei uma tolaha com água quente. Depois voltei para o quarto.

Sorri carinhosamente quando ele disse que ia haver umas beijocas. Deitei-me devagar como me pediu, e esperei depois por ele, vendo-o voltar com aquelas coisas. Ai, isto vai doer e arder que se farta...

Sentei-me na cama ao lado dela. O seu corpo estava bastante mal tratado. Havia cortes em tantos sítios. Apertei a sua mão e com a outra fui lavando com cuidado as suas feridas. Não queria magoá-la muito.

Segurei a sua mão e olhava sempre para ele, para não olhar para as feridas. Haviam algumas que eram mais bem profundas que outras. Apertei a mão dele com força quando passou nessas mais problemáticas e fiz careta, queixando-me de imediato - Ai.. Isso dói, e arde muito..

- Então eu páro - murmurei beijinho. Em vez de lavas esses cortes mais profundos, limitei-me a pousar um beijinho suave nesse sítios. Depois de ela estar toda limpa e sem sangue, era altura de pôr uma pomada que estava também no estojo de primeiros socorros.

Respirei aliviada quando parou. Observei-o e vi que estava a pegar numa pomada  - Isso vai doer não vai? - Perguntei receosa enquanto esperava que ele pusesse a pomada - Dá-me um beijinho primeiro..

Assenti - mas eu distraio-te da dor, não te preocupes - ia ser só um ardor passageiro. Por isso, segundos antes de colocar a pomada, beijava-a.

Sorri-lhe docemente e mordi o lábio. Mas assim que começava a sentir o ardor ele beijava-me logo, e eu esquecia-me rapidamente da ferida. Quando terminou olhei depois todas as feridas, com pomada - Obrigada amor - Disse num tom amoroso e carinhoso

Depois daquilo tudo deita-me ao lado dela, de lado para poder fitar. Mesmo com um ar pálido e magro, ela era linda - Vou ligar lá para baixo a pedir algo leve. Alinhas numa tosta mista?

 - Siim, eu gosto de tostas mistas.. - Sorri e aconcheguei-me a ele, dando-lhe espaço para depois poder ligar. 
Depois de o fazer e se deitar novamente ao meu lado como estava, aproximei o meu corpo do seu - Estou horrível, não estou..? - Perguntei baixinho, suspirando

Liguei então para a recepção e pedi duas tostas mistas, acompanhadas de sumo de laranja natural.
Beijei-a suavemente, quebrando a distância entre nós - Tu és linda, Felly. Nunca, de qualquer forma, vou achar que és horrível. Mas precisas de cuidar de ti.

 - Está bem, eu cuido.. Aww, és tão querido.. Gosto quando dizes essas coisas fofas, e me chamas de princesa e assim - Confessei, sorrindo carinhosamente, voltando a beijá-lo

- Porque és mesmo uma princesa - ia a beijá-la novamente mas bateram à porta - já venho - mrumurei e levantei-me, indo buscar as nossas tostas mistas. Levei o tabuleiro para cima da cama.

Corei quando disse que eu era uma princesa, e fiz beicinho quando se levantou. Permaneci assim até ele voltar, e quando me sentei ainda estava a fazer beicinho - O meu beijinho!

Aproximei-me dela com um sorriso e beijei-a demoradamente - Agora: comida! - disse divertido e sentei-me na cama. Esperava mesmo que ela comesse tudo sem problemas.

Estiquei o braço e alcancei a tosta, levando-a calmamente à boca e provando-a, numa pequena trinca - Hmm.. Tão boa.. - Murmurei enquanto mastigava o pequeno pedaço

Assim ficava mais feliz e menos preocupado. Também dei umas trincas na minha - sempre adorei comida de hotel - admiti, rindo-me.

 - Sim, é bom - Ri também e continuei a comer devagar, bastante deliciada. Mas estava com bastante medo que depois me acontecesse o mesmo quando comi o bolo. Não queria ir vomitar a seguir..

Bei um trago do sumo de laranja natural. Reparei a rir-me que era uma da manhã e nós estávamos ali a comer - Então, agora já conheceste o meu tio. Ele deu-me um sermão dos diabos - disse a rir-me.

 - Eu não queria arranjar problemas, tinha de falar com o director.. O que é que ele te disse? Desculpa pelo sermão.. - Disse baixinho, continuando a comer enquanto esperava e e enquanto ele contava. Pouco tempo depois terminei de comer a tosta e bebi um pouco do sumo