Quarto da Blair & Jake

Quarto com com casa de banho privada, closet e mini bar.

- Hmm, pois é. Conta lá essa história. Eu, por sorte nunca fui preso, mas já estive perto. - Confessei, dirigindo o meu olhar para as latas de tinta no chão, as culpadas.
Ri-me de novo.
- Vá, vá. Desculpa, eu estava só a brincar. És melhor que o meu primo de 7. - E sorri para picá-la, com covinhas dos dois lados da cara.

- Mmm. Estou a ver. - Acabei por dizer, sem esperar que essa fosse a razão. A Blair era uma autêntica rebelde, portanto.
Sorri-lhe.
- Olha que agora me deste uma bela ideia. - Anunciei, enquanto colocava as mãos atrás da cabeça e me encostava às costas da cama.
- Não precisas de agradecer, eu só digo verdades. - E ri-me com ela.

- Mesmo que gritasses, iam pensar que estavas a gritar por causa de outra coisa e ninguém te vinha salvar. - Afirmei e só depois é que me apercebi do perverso que aquilo fora. Tentei rir-me para disfarçar essa sensação.
- Deixa-me ver. - Pensei por um bocado. - Já sei! Os patos têm dentes.

- Ahh, pois. Só me apercebi disso depois de ter falado. - esfreguei a perna onde ela esmurrara, fingindo que me doía muito.
Ela abanou a cabeça.
- Eu não sei muito sobre o que falar sobre mim. - Pausei, pensando em algo para dizer. - Gosto de reggae e rock... Oh e, como já deves ter percebido, venho de Inglaterra. - Sorri, fazendo menção ao meu sotaque britânico.

- Mas quem se importa, também? Agora és supostamente minha mulher, por isso posso falar porcaria à vontade. - Revirei os olhos e encolhi os ombros. Sentia-me agora a ficar muito mais descontraído na sua companhia. Podia ser um pouco calado a principio, mas tornava-me mais falador com o passar do tempo.
- Sim eu sei, eu sei. O meu sotaque é extremamente sexy e as covinhas nas minhas bochechas então ainda são mais. Ui. - Pura ironia, claro. Não achava que nada disso fosse realmente especial.

- Claro que podemos! - Ri-me, percebendo o segundo sentido. - E que tal se começássemos agora? A cozinhar, claro. - Ri-me e levantei-me da cama de um salto.
Depois, parei de sorrir e franzi o sobrolho.
- Iguais em que sentido?

- Por acaso, quero. - Respondi com sinceridade, esfregando a mão na barriga, com o meu estômago já a rugir ligeiramente pela falta de alimentos. Há quanto tempo é que não comia mesmo?
Desatei a rir com o que ela disse a seguir. Pensava que fosse dizer algo profundo ou queixoso, mas aquilo surpreendeu-me.
- Mas olha que se calhar, os ingleses também têm sempre a mesma cara...

- Então, vamos! - Exclamei impaciente. - Assim aproveito e dou uma vista de olhos às redondezas.
Depois agarrei na minha mochila que, apesar de ser de viagem, como era uma mochila para pôr às costas também dava para fingir ser uma mochila completamente normal; e coloquei lá o meu telemóvel e algum dinheiro, caso fosse necessário. Virei-me para ela. - Claro que sim, como é que me poderia esquecer de um momento tão importante?

Eu encolhi os ombros, já nem querendo muito saber do que ela dizia. Acho que já estava um bocadinho saturado com a histórias das provocações e tudo mais.
- Abraçar-me? - Perguntei, achando realmente que ouvira mal ou que ela mais uma vez tentava gozar comigo. Eu fiquei sem resposta, à espera que ela abrisse a porta rápido. Assim que o fez, eu corri para o calor do mesmo e tirei rapidamente a t-shirt que tinha vestida. Dirigi-me até às minhas roupas que ainda não estavam arrumadas no armário e vesti uma camisola de manga comprida. - Ainda vamos surfar?

Fiquei a olhar para ela durante algum tempo e acabei por lhe sorrir sem lhe dar resposta.
Observei-a enquanto se dirigia ao armário e vi-a despir as roupas como se eu nem sequer estivesse lá. Eu desviei rapidamente o olhar, meio embaraçado, apercebendo-me que ela vestira o pijama. Despi também a roupa muito rapidamente e, com um arrepio, mergulhei nos lençóis da cama de casal.
- Vamos ver se és assim tão boa como dizes ser. - Disse baixo, na brincadeira. Enquanto isso, encostei-me a um dos lados e fechei os olhos, esperando que ela ocupasse o outro lado.
Isto era tão desconfortável, caramba.

Eu esperei até que ela se deitasse na cama para me virar para o lado contrário. Respirei fundo pelo menos duas vezes e permaneci quieto no mesmo local.
- Se me morderes, mordo-te também. - Disse com um sorriso estampado no rosto. - Huum, juro-te que quero mesmo ver isso. Especialmente a parte de me apaixonar. - Murmurei, irónico. De seguida bocejei e acabei por adormecer sem dar conta.
No dia seguinte, despertei cedo, por volta das 7 horas. Mal acordei, vesti um fato de treino que trouxera e fiquei durante algum tempo a observar Blair que ainda dormia descansada. Agarrei no meu caderno e, muito silenciosamente, comecei a desenhá-la, embora parasse logo quando ela se mexia. Mal terminei o desenho, com ela ainda a dormir, guardei o meu caderno de novo e fui tomar um duche rápido.

Ouvi Blair a gritar um "bom dia" para mim e eu disse-o também da mesmo maneira que ela mo dissera. Quando acabei o meu duche, sequei o meu cabelo e voltei a vestir o fato de treino que vestira anteriormente. De seguida, saí da casa-de-banho suspirando mais relaxado e vi Blair a fazer a cama muito calmamente.
- Pronta para surfar? - Inquiri, enquanto olhava em direção à porta do quarto.

- Ok. - Sorri-lhe. - A casa de banho é toda tua.
Ela pegou nalgumas roupas e foi até à casa de banho, sem se esquecer de me dar um empurrão, ao qual eu ri. As suas provocações apenas me davam graça.
Assim que ela entrou na casa-de-banho, considerei a hipótese de vestir uns calções de banho. Talvez ela me emprestasse a prancha dela... quem sabe? Indo até à minha mochila - tinha mesmo de arrumar a minha roupa - vesti os meus únicos calções de praia o mais rápido que consegui e fui-me sentar na cama à sua espera.
Mal ela saiu de lá, eu sorri-lhe.
- Claro que sim. Estou pronto.