Graham Street

Aproximei-me das raparigas. A morena, Stella, esboçava um sorriso triunfante. Esse depressa se desmanchou quando a avisei que deixasse a minha namorada em paz, e que não tivesse uma panca qualquer comigo - tenham um bom dia meninas - disse num tom sarcástico e voltei para ao pé de Felly.

Permaneci nervosa e ansiosa com o bebé nos braços. Tinha receio que ainda fosse uma daquelas gajas malucas, que são obcecadas pelo seu ex-namorado, e que são capazes de tudo para os ter de volta. Acarinhei o bebé e continuei a embalá-lo, enquanto estava nervosa. Respirei aliviada quando o vi voltar - Então? O que é que ela disse?

O nervosismo de Felice dá-ma gozo.
- Vai manter-se à margem. Não te preocupes.

- Estás-te a rir que de quê? - Perguntei, começando a caminhar. Respirei fundo e tentei esquecer o que tinha acontecido por alguns minutos

- Estou a rir-me de ti, amor. Não pensaste por um segundo sequer que eu pudesse voltar a enrolar-me com uma daquelas, pois não? - caminhei a seu lado.

- Não amor, nada disso. Mas há gajas malucas e eu não quero ninguém atrás do meu homem - Fiz beicinho e aproximei-me mais dele - Eu não tenho esse tipo de inseguranças amor, eu sei que me amas

- ainda bem porque não tens motivos nenhuns para inseguranças - eu já nem noutras raparigas pensava. Era no que dava encontrar a rapariga perfeita.

- Não, eu não tenho dessas inseguranças meu amor jeitoso.. Dás-me uma beijoca? - Perguntei baixinho

Rodeei os seus ombros com um dos meus braços e beijei-a de seguida.
- quantos beijos quiseres, meu amor.

Correspondi ao seu beijo e dei-lhe mais alguns beijinhos - Hmm... Au! Milo Sullivan! - Resmunguei quando o senti a bater no meu peito - É ciumento... - Ri baixinho e ajeitei-o no meu colo

Soltei uma gargalhada - E tem todos os motivos para ser ciumento. É uma mulher perfeita para dois homenzinhos ao mesmo tempo - brinquei.

- Oh... Que dois homenzinhos exagerados que eu tenho - Ri baixinho e dei um beijinho rechonchudo na bochecha do bebé - E para onde vamos, exactamente?

- Nada exagerados - contradisse, sorrindo apaixonadamente.
- Oh, não sei... podemos ir até à baixa da cidade, talvez.

- Hmm, parece-me muito bem.. Foi lá que me ofereceste umas rosas lindas.. - Recordei, sorrindo-lhe docemente um pouco corada.

Sorri com essa lembrança, uma altura em que ainda não éramos nada definido para além de um casal do colégio. Agora éramos tão mais do que isso. - Então vamos lá.
Seguimos a andar até lá.

encerrado.

Passei parte da viagem calada. Não era algo que costumava fazer, nem costumo, ainda por cima com ele; costumo ser uma grande tagarela, e só me calo quando é o que mais convém. Mas eu simplesmente não sabia o que dizer, sentia-me tão entre a espada e a parede que mais valia eu não dizer nada. Fiquei sempre a olhar pela janela, olhando para trás quando Milo chamava por mim. Assim que chegámos eu saí, ajudei Milo e olhei Mikko, que vinha na minha direção assim que saímos do carro. — Sim, amor? A tua mãe deve estar à nossa espera, vamos entrando?

Quando ainda estávamos em casa não desconfiei de nada, ela parecera-me ligeiramente mais calada, mas não achara que fosse algo de especial. No entanto, a viagem de carro até casa da minha mãe levantou muitas suspeitas pelo seu silêncio que não era nada normal quando estávamos na estrada. Antes de batermos à porta, parei-a e encarei-a - Está tudo bem, meu amor? Estás muito calada. Passa-se alguma coisa? - Só que nesse preciso momento a porta da frente abriu-se. A minha mãe tinha sempre este dom ou coisa que fosse de perceber que nós já ali estávamos.

—Nada, amor... — Apenas disse, sentindo-me um pouco aliviada quando ouvi Grace. Bem, por um lado eu estava aliviada, por outro eu estava com medo. Esbocei um breve sorriso aos dois e entrei em casa sem mais demoras, levando Milo comigo que, assim que entrou em casa da avó, correu para a sala para ir ver bonecos na televisão. Deixei que ele lá ficasse, com uma das amigas de Grace que por lá estava. Olhei a minha sogra assim que ficámos os três sozinhos, mas ela pareceu que queria adiar aquilo.
— Ou lhe conta você, ou conto eu. Disse que falava com ele assim que chegássemos, não foi?
— Felice, tu sabes que é complicado... — Eu sempre amei a minha sogra, mas o filho dela precisava de saber, e não merecia que ela agora tivesse segredos com ele.
— Amor, o teu pai está a morar cá, em casa da tua mãe. Eles estão praticamente juntos, de novo. — Contei, pois ela parecia que não lhe ia contar nunca. Eu não precisei de olhar para Mikko, apenas lhe dei a mão e apertei-a com carinho. Ou ele vai ficar muito calado, ou vai explodir que nem um vulcão.

Reparei em toda a troca de olhares entre elas as duas. Eu não entendia o que poderia ser mas percebia claramente que algo se passava. A minha desconfiança provou-se certa quando Felice falou. "Ou lhe conta você, ou conto eu." - O que se está a passar? - Questionei franzindo o sobrolho.
Então Felice contou tudo e a minha mãe fez uma cara nervosa durante toda a curta explicação. Eu fiquei atónito por momentos. - O quê? - Não podia acreditar. Mas que raios? - Ele está cá? Aqui? Para ficar? - A minha mãe lá acenou que sim. Passei por elas as duas com uma expressão fechada à procura do Monroe.

Eu já sabia que ia dar naquilo. Especialmente pelo que tínhamos acabado de passar, ele ainda não estava calmo o suficiente e agora tinha de lidar com aquilo. Impedi Grace de ir atrás dele e pedi-lhe que ficasse com Milo, e fui eu atrás dele. — Amor, espera... Onde vais? — Fui obrigada a acelerar o passo para o alcançar, e assim que consegui segurei a sua mão e puxei-o para mim. Mas o raio do homem tem mais força que sei lá o quê, e quando está nervoso e furioso então nem se fala. — Amor, acalma-te um bocadinho primeiro, por favor.

Eu nem ouvia o que Felice me dizia. Só estava focado em encontrar o meu pai. Encontrei.o no jardim rodeado de amigas da minha mãe que provavelmente estavam ali de visita. Aproximei-me e pus-lhe as mãos em cima - Quais são as tuas intenções com a minha mãe? - Perguntei muito seriamente, fitando-o com um ar ameaçador. Neste momento não queria saber se era meu pai ou não, ia tratá-lo como tratara todos os outros poucos homens que se tinham metido com a minha mãe.

Fiz sinal às senhoras para irem para dentro, antes que elas ainda ficassem chocadas com algo que fosse dito ou feito. E depois, era tema de família e elas não tinham nada a ver com isso.
— As minhas intenções com ela são as melhores, acredita. Eu sei que fui um cabrão durante praticamente a minha vida toda mas eu estou diferente, eu quero mudar as coisas. Eu não vou estragar esta oportunidade que a tua mãe me está a dar, não vou. — Ele podia ter o ar mais sério e sincero do mundo, mas Mikko simplesmente não parecia estar a acreditar muito.
Coloquei as minhas mãos sobre os seus ombros, massajando-os, e deixando que a barriga se encostasse às suas costas. — Larga-o, amor... Vá lá. — Pedi baixinho, tentando que desse resultado. Mesmo que ele desse um murro ao pai, aquilo não ia resolver nada.

— E comigo. — Afirmei de seguida, saindo de trás dele e ficando assim ao lado dele. — Infelizmente eu acho que já estive consigo mais vezes do que o seu próprio filho e não tenho nem uma boa recordação de si. A Grace é uma excelente mulher e não merece que alguém como você a faça sofrer de novo. Portanto, se realmente está mudado e disposto a fazer tudo certo nesta oportunidade que Grace lhe está a dar, faça o favor de fazer tudo certo mesmo. — Cheguei ao ponto de nem saber quem estava com o ar e com a voz mais assustadora, se era Mikko ou eu. Desviei o olhar para lavar as vistas e observar o meu marido, acariciando-lhe o rosto. — Anda, amor.