Zona da Fogueira

- Porque sinto falta de conforto, de me sentir protegida... - Disse olhando-o com os olhos cheios de lágrimas. Estava estupidamente carente e com uma necessidade louca de me sentir acarinhada e segura nos braços de alguém. Não lhe queria pedir aqui porque já tinha percebido que eu não era de todo o seu género por isso fiquei-me por aquela resposta. Por agora...

- É fácil falar... - Murmurei cheirando o seu peito sem ele dar conta, reparando que o nossos cheiro ainda estava bem presente. - Tem sido um dia cheio de emoções... - Constatei fungando e ajeitando os meus cabelos. Ergui a cabeça ligeiramente para o olhar e limpei os olhos. - Desculpa ser chata...

- Já disse que já passou... - Murmurei limpando a cara toda. - Não vês? - Questionei com um beiço adorável enquanto o olhava. - É verdade, vais à festa de verão? - Procurei saber.

- Era giro. - Admiti encolhendo também os olhos. - Eu vou, se quiseres vir comigo podes vir. - Disse sorrindo-lhe fofa.

- Agora? - Procurei saber, agarrando-lhe na mão e deixando que ele me guiasse. Uau, ele estava a ser querido!

- Não sei bem onde é mas podemos perguntar pelo caminho. - Admiti uma gargalhada alta e divertida. - Vá despacha-te, não estavas com pressa? - Questionei colocando-me às suas cavalitas com um sorriso de criança.

- Não faz mal, eu sei que aguentas o meu peso mórbido. - Disse mordiscando-lhe o pescoço com carinho. Olhei em volta à procura de alguém e sorri, vendo que havia alguém ao fundo daquela rua.

- Sim claro, deve ser isso tudo. - Resmunguei num tom mimado. - Vai ali alguém. - Apontei por momentos e olhei-o. - Falas tu ou eu? - Procurei saber. 

- Boa tarde, será que nos podia dizer onde fica a festa de verão do colégio? - Questionei e a pessoa olhou para mim. Assentiu e de seguida deu-nos todas as indicações necessárias para que chegássemos lá. - Obrigada! - Agradeci.

- Sim, fica na cidade! - Exclamei olhando-o. - Queres ir de transportes ou a pé? - Questionei num tom curioso.

- Sim é verdade. - Concordei olhando para o relógio de pulso. - Táxi? - Questionei olhando-o depois para ver e ouvir a sua resposta.

Olhei para o taxista a perguntar se podíamos entrar e ele assentiu. Entramos no automóvel e pedimos para que nos levasse até à festa de verão.

Saí lá para fora, mal reparei numa porta para o exterior. Respirando fundo, sorri quando vi que se encontrava vazio.

- Meu, a sério, que isto até tem a porra de uma fogueira? - Murmurei para mim mesma, sentando-me numa cadeira e mirando as cinzas. - Hum, isto está muito desanimado. - Ri-me, despejando um pouco da bebida sobre a fogueira. Depois, agarrei no meu isqueiro e, segurando num pauzinho que encontrei, peguei-lhe fogo. - Será que arde? - Perguntei, sabendo perfeitamente que o faria. Deitei o pauzinho sobre o álcool derramado e uma labareda foi cuspida em direção ao céu. - Brutal. - Ri-me de novo e, desta vez, iluminei um cigarro enquanto olhava para o fogo acolhedor.
Pouco depois, ao observar o fogo extinguir-se calmamente, saí daquela zona com um novo cigarro na mão. Nem sequer queria saber se era proibido fumar ali ou não.

Encerrado.