Auditório

Estiquei os pés, apoiando-os em cima de uma cadeira e tirei os meus saltos. Aqueles sapatos já me faziam doer os pés. Escutei e olhei-o atentamente e encolhi os ombros. Ele simplesmente não me tinha dado nada. Apenas queria.. hum.. dormir. - Começaste numa boa comigo? - sorri cinicamente. - Sim, pois.. não ias dormir?

Sim, eu era infantil, mimada e tudo o mais, mas ele sabia perfeitamente que eu detestava, que me negassem sexo. Não me mexi quando se levantou. - Xau. - murmurei. Nem sequer lhe devia ter respondido.

Mas ele ainda não se tinha ido embora? - Eu nunca disse que eras uma máquina. - revirei os olhos. Mas porra, era só sexo. Não me digam que ele não aguentava uma foda sequer? Oh, espera, ele só aguentava uma foda, quando era um completo sádico. - Sim, está bem.

Endireitei-me naquela cadeira e mostrei-lhe a língua, assim que o vi dirigir-se até à cabine de som. Afinal o sono tinha-lhe passado ao lado. Encarei-o e tirei novamente o pacote com as bolachas.

- Mete-o no cu. - murmurei e revirei os olhos. Afinal, não era a única infantil ali. Assim que terminei com o pacote de bolachas, levantei-me e coloquei-o no lixo. Dei umas voltas ao auditório. Ainda não tinha estado ali, antes.

Nem me dei ao trabalhar de lhe responder. Para quê? Para me tirar do sério e por-me a dizer coisas sem nexo algum? Não, não estava para isso. Olhei para o ecrã e para o seu projeto que ali estava a passar. Fiz uma careta.

Tudo aquilo era uma grande seca e nem sei como fiquei ali tanto tempo. Devia-me ter ido embora, no primeiro instante em que ele se armou em parvalhão. Voltar a cruzar os braços ao peito e a encolher os ombros. - Xau. - mais valia ficar ali sozinha de vez.

Ele podia meter as chaves num sítio que eu cá sabia. - Se queres a porta fechada, fá-lo tu. - revirei os olhos. Não era empregada dele e não estava mesmo com paciência para aquele tipo de conversa. Puxei o meu ipod e os fones para fora da mala e coloquei os fones nos ouvidos.

Felizmente, a música abafava todo o som que saía da sua boca. Mexi a minha cabeça levemente, enquanto cantava silenciosamente a música que eu ouvia. Não ia sair dali, aquele professorzeco que se fosse lixar.

Sorri quando ele deu parte fraca e se foi embora. Aquele professor quando queria, era a pessoa mais irritante que eu conhecia. Algum tempo ali sozinha, fez-me querer um cigarro e se não estivesse tão importava com o sistema de alarme de incêndio, tinha mesmo fumado ali. Arrumei as minhas coisas e saí dali.

encerrado.