Graham Street

Quando Felice voltou, estava francamente mais pálida. A minha mãe apressou-se a ir buscar um copo de água - Estás bem, amor?

- As dores vão e voltam, fazem-me ficar mais quente e ainda agora me deu uma tontura.. - Murmurei, recostando-me ao sofá. Passei a mão pela testa, respirando fundo depois - Não sei se é do bebé, ou se ainda é por causa do tumor.. - Sussurrei

- Ficaria mais descansado se fosses analisada Felice - disse preocupado. A minha mãe chegou com a água, passando-lha.

- Talvez seja só falta de descanso amor.. - Disse baixinho, vendo a mãe dele voltar com um copo de água - Muito obrigada.. - Agradeci, bebendo depois quase todo o conteúdo. Respirei fundo e continuei a olhar para o copo. Isto não é nada e já vai passar.

A minha mãe parecia achar tudo aquilo normal. Já eu estava apreensivo. Não gostava nada que Felice estivesse assim - podemos ir embora, amor. Para descansares.

- Sim.. Se a tua mãe não se importar, claro - Afirmei, olhando depois para ela - Nós chegámos ontem à noite de viagem, e eu hoje não consegui dormir muito - Expliquei-me para ela rapidamente. A mãe dele parecia adorar-me

- Ah, sim, eu compreendo querida - Fizemos rapidamente as despedidas. Já íamos a sair quando a minha mãe sussurrou ao meu ouvido - Ainda iremos ter uma conversa, filho. Porta-te bem.
Apenas assenti e saímos dali.

Esperei que a mãe acabasse de lhe falar e depois dei-lhe a mão, caminhando com ele pela rua - Bem, não foi assim tão complicado.. Acho que ela gostou de mim - Murmurei, olhando para ele com um pequeno sorriso

Aproximei-me de Felly. Caminhámos de mãos dadas. - Oh sim, ela gostou de ti. E nem parece zangada com...este assunto. - disse, referindo-me à gravidez. A visita nem fora tão má como eu pensava que seria.

- Pois não amor.. Ela até parece que está contente com isto.. - Murmurei, apertando ligeiramente a sua mão - Eu tenho de arrumar as roupas e pôr algumas coisas a lavar.. Mas se calhar é melhor eu descansar primeiro..

Antes contente que zangada, não era? Pensei para mim mesmo. Só que desta maneira ia levar um sermão a dobrar, quando dissesse á minha mãe que íamos dar o bebé para adopção. - Sim, tens de descansar e ficar melhor. Não gosto nada quando ficas pálida. 

- Eu também não gosto.. A tua mãe ficou mais preocupada do que eu sei lá o quê... E eu até pensei que ela soubesse de tudo, mas afinal parece que o meu pai só contou a história da gravidez ao teu tio.. Ou então foi o teu tio que não contou tudo.. - Respondi, encolhendo os ombros. Passei a mão livre pela testa uma vez mais e continuamos a caminhar de mão dada

- A minha mãe é assim. Não sei, mas pretendo falar com o meu tio. Ou melhor, de certeza que ele me vai obrigar a fazê-lo - disse revirando os olhos.

- Queres que vá contigo? Bem se calhar é melhor não ir porque é família e pronto.. E, ahm.. Quanto à casa.. Eu posso ajudar? - Perguntei baixinho, vendo que já estávamos a chegar

- Não, deixa estar. Com o meu tio eu lido sozinho. - respondi. Porque sabia que o meu tio não era tão atencioso como a minha mãe - Escolhe uma casa. Basta fazeres isso, eu trato do resto. 

Ri baixinho por perceber que os meus pensamentos de à minutos atrás se confirmavam - Ninguém me vai deixar pagar nada, pois não amor? - Perguntei mesmo antes de entrarmos no College

- Óbvio que não. Deixa-me ser eu a tratar dessas coisas - acabei por dizer - Faz-me apenas um favor. Não escolhas nenhuma mansão espectacular como a tua. Duvido que a minha herança  abranja tal coisa.

- Não faço tensões de escolher nada do género amor.. Quero uma casa normal.. Não muito pequena nem muito grande. Isso para mim chega na perfeição. Aliás, para nós... - Sorri docemente. Se eu quisesse uma mansão, íamos para Las Vegas outra vez, para a minha casa. E para além disso, eu não quero mais nenhuma mansão, que me faça lembrar quem realmente sou, e quem é a minha família. Quero uma casa normal, como toda a gente

- Aquilo que escolheres servirá perfeitamente - eu acreditava nisso. Para além disso, para mim tanto me faia o tipo de casa que fosse. Com ela, só precisava de um quarto com uma cama e nada mais.

- Um beijinho antes de entrarmos e enfrentarmos algumas chatices - Pedi com um sorriso carinhoso, colocando-me em bicos dos pés para chegar até aos seus lábios

- Terás os beijinhos que quiseres... - respondi com um sorriso. Agarrei-a pela cintura e puxei-a para mim, pressionando os meus lábios contra os dela.

- Hmm, que bom amor.. - Respondi baixinho, correspondendo ao seu beijo, dedicando-me ao mesmo por uns momentos. Assim que o beijo cessou, dei-lhe mais uns beijinhos carinhosos. A seguir aos mimos, fomos então.

Encerrado.

Chegámos rapidamente à casa da sua mãe, e depois de estacionarmos o carro e de o trancar, lá entrámos. A minha sogra faz sempre questão de falar comigo uns minutinhos. Sentei-me com o bebé no colo, no sofá da sala, e falámos um pouco.
- Então filho, e quando é que pensas pedir a moça em casamento, hmm? - Perguntou ela toda sorridente. Eu engasguei-me à força toda com tal pergunta.

Ultimamente via a minha mãe muitas vezes e, surpresa das surpresas, tinha-mo-nos dado este tempo todo bem, sem discussões ou sarilhos da minha parte. Se ela se zangara comigo por ter sido pai, então não o demonstrava porque estava mais do que contente por ter um neto... e uma nora.
- Oh mãe - Contudo ainda odiava que ela se metesse na minha vida - supostamente estamos casados, lembra-se? A estupidez que o tio James inventou? - disse, só para lhe fazer mudar de conversa.

Recompus-me e arranjei a voz, rindo baixinho depois de me ter engasgado. Milo soltou uma gargalhada o que me fez rir. Olhei Mikko e assenti ao que tinha dito - Bem, sim, é verdade.. Supostamente nós somos casados devido a essa coisa - Disse-lhe, brincando com o bebé que estava muito bem disposto. Passei-o para os braços da avó quando ela pediu e depois levantei-me